sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A frutificação da planta sagrada

Depois de várias tentativas sem sucesso, o Brasil
busca desenvolver a produção de azeitonas.
Um grupo de técnicos da Apta participa do projeto

Em São Paulo, há cultivo em
cidades na divisa com Minas
Gerais, próximas ao circuito paulista
das águas e na região da
Serra da Mantiqueira. Mas a produção
de azeite ainda é incipiente,
restrita e sem apelo comercial. A pesquisadora
e agrônoma da Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios
(Apta), Edna Bertoncini, conta que atualmente
o Brasil se encontra na quarta ou
quinta onda da oliveira. Prova disso é que
ela recebe três a quatro consultas por
semana, de “pessoas interessadas em
novos investimentos”.
Edna coordena o Projeto Oliva SP,
criado em 2009, para atender ao número
elevado de solicitações que chegavam à
Secretaria Estadual de Agricultura e
Abastecimento, de informações sobre o
plantio da azeitona no Estado. “Resolvemos,
então, juntar um grupo de especialistas
de vários órgãos da secretaria e
também de fora”. Hoje, o projeto da Apta
tem parceria técnica dos institutos Agronômico
de Campinas (IAC), Biológico e
de Tecnologia de Alimentos (Ital); de entidades
de outros Estados; e até de uma
agência italiana de alimentos, a Issam.
Sabor e produção – Atualmente,
o grupo se divide em várias áreas de pesquisas
sobre a cultura da oliveira, como
solos e nutrição, doenças, pragas, manejo
e poda, fitoquímica (análise da planta
para outras finalidades que não alimentares),
extração e qualidade, climatologia,
economia e mercado e futuramente
a área de genética. “Nós prestamos assistência
ao produtor em todas as etapas,
da preparação da terra até a colheita dos
frutos e acompanhamos a evolução das
oliveiras”, frisa Edna.
A Apta também promove eventos
sobre o azeite, derivado mais nobre do
famoso fruto da oliveira. Já realizou três
cursos sobre degustação do produto. O
último ocorreu em outubro, com a presença
de Ugo Testa, especialista italiano
da Issam. O encontro abordou a produção
de oliveiras, colheita, extração, conservação
do azeite e degustação para escolha
dos melhores produtos, como é feito na
indústria. “Queremos ajudar no controle
de qualidade do azeite vendido no Brasil,
100% importado, e com características
às vezes distintas daquelas descritas nos
rótulos”, avalia.
A pesquisadora explica que o azeite de
oliva é classificado de três formas: extravirgem,
virgem e lampante. O primeiro
se aproxima da perfeição, sem defeito e
com as três principais qualidades: frutado
(odor de azeitona), amargo (alta taxa de
polifenóis, bom para o coração) e picante.
O segundo apresenta um dos seguintes
defeitos: rançoso, acético (odor de vinagre),
mofado, gosto de terra e com cheiro de azeitona
em conserva. Já o lampante tem uma
série dos defeitos acima, ou todos, e precisa
ser refinado para consumo. Todo azeite é
obtido pela prensagem da azeitona com
caroço e sempre a frio.
Luz e calor afetam o produto, informa
Edna. O azeite pode sair de seu local de
origem perfeito e no caminho perder uma
ou mais qualidades. No Brasil, pode ser
misturado ou passar por outras artimanhas
comerciais. Além disso, depende da qualidade
da azeitona, que precisa ser moída até
24 horas após a colheita. “E quanto mais
novo, melhor será o azeite.”

Um quarto lugar – A agrônoma

 
 
Juliana Rolim Teramoto, do IAC, que também
atua no Oliva SP, informa que a participação
brasileira no plantio de azeitona
em 2010 no Mercosul foi um ínfimo
quarto lugar, com apenas 1 tonelada. A
Argentina produziu 165 mil t; Chile, 58
mil t; e Uruguai, 6,5 mil t. Na Comunidade
Europeia, a liderança tranquila é da
Espanha, com 8 milhões t no mesmo ano,
vindo a seguir Itália (3 milhões t), Grécia
(cerca de 2 milhões t) e Portugal, com
menos de 1 milhão t.
Em azeite de oliva, a produção mundial
no biênio 2010/11 apontou pela ordem
crescente – Espanha, Itália, Grécia, Síria,
Turquia, Marrocos, Tunísia e Portugal.
Todos os dados são da FAO/ONU. Juliana
fez um longo trabalho de pesquisa intitulado
Mercado dos Produtos da Oliveira e
os Desafios Brasileiros, junto com Edna e
Angélica Prela-Pantano, do IAC. O artigo
 
 
está disponível no site da Apta (www.apta. 
sp.gov.br/oliva).




quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Produção de azeite de oliva cresce e mercado mundial aposta no Brasil

A produção de azeitonas de mesa e de azeite de oliva, após forte queda na safra 2012/13, volta a se recuperar.
E os produtores mundiais estão de olho no Brasil, um mercado que tem dado bom fôlego ao setor. A produção mundial de azeite de oliva deverá atingir 3,2 milhões de toneladas em 2013/14, um volume 14% maior do que em igual período anterior.
Os dados são do IOC (conselho internacional do setor), que aponta, ainda, uma produção de 2,5 milhões de toneladas de azeitonas de mesa.
A Espanha, após uma perda de 62% na produção de azeite na safra passada (outubro de 2012 a setembro de 2013), devido ao clima desfavorável, liderará a produção de azeite, somando 1,5 milhão de toneladas na próxima.
A União Europeia liderará a produção de azeitonas, com 700 mil toneladas -500 mil sairão da Espanha.
Segundo o conselho mundial dos produtores, o Brasil se posiciona bem nesse mercado como importador. A compra de azeitona deverá crescer 13%; a de azeite, 2% na safra que se encerra.
Os espanhóis são os grandes beneficiados pelas importações brasileiras, devido ao aumento de 19% das compras do Brasil. Em valores, a alta foi de 42% neste ano.
Os dados do IOC indicam que as importações brasileiras somam 99 mil toneladas de azeitonas nos 11 meses da safra de 2012/13.
O Brasil acumulará compras de 105 mil toneladas em 2012/13, o que o coloca atrás apenas dos EUA, os líderes isolados -não incluídos os países da União Europeia.
O IOC aponta, ainda, que o Brasil importou 69 mil toneladas de azeite de outubro de 2012 a agosto, o que coloca o país também na lista dos principais importadores.
Na América do Sul, a liderança de produção de azeitona é da Argentina, com 140 mil toneladas, vindo a seguir Peru (80 mil) e Chile (34 mil).
Busca interna
Os produtores brasileiros também tentam entrar nesse mercado, mas as exigências climáticas das lavouras reservam poucas áreas do pais à olivicultura.
O Brasil tem hoje 2.000 hectares plantados, metade deles na serra da Mantiqueira, conforme estimativas de Nílton Caetano de Oliveira, presidente da Assoolive (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira) e consultor em olivicultura.
Oliveira diz que o país tem 1 milhão de plantas, 50% delas na fase de dois a três anos. A planta começa a produzir de quatro a cinco anos.
Quando toda essa lavoura plantada entrar em estágio produtivo, o país terá pelo menos 2% da necessidade do consumo abastecido por produção interna.
A olivicultura cresce 20% ao ano no Brasil e atrai produtores não tradicionais à agricultura, como empresários de diversas áreas.
O produtor que decidir por essa cultura investirá R$ 10 mil iniciais por hectare e mais R$ 10 mil até que a planta entre na fase produtiva.
Para o consultor, o investimento compensa porque a produção é de mil litros por hectare, e o azeite é vendido por R$ 50 por litro. No ano passado, esteve a R$ 100.

Procon-RJ proíbe a venda e retira de supermercados azeite com propaganda enganosa


 A Secretaria de Estado de Proteção e Defesa do Consumidor (Seprocon), através do Procon-RJ, instaurou nesta segunda-feira, 11 de novembro, Processo Administrativo determinando que as redes de supermercados Mundial, Prezunic, Guanabara e Grupo Pão de Açúcar (supermercados Pão de Açúcar, Extra e Assaí) suspendam em todo o estado a venda dos azeites das marcas Figueira da Foz, Tradição, Quinta D'Almeida e Vila Real. Esses azeites não são do tipo virgem e sim lampante, cuja qualidade é inferior.As filiais das redes devem devolver os produtos a seus fabricantes.

Em outro caso, o processo também estabelece que essas redes de supermercado fixem cartazes nas prateleiras de azeites de outras marcas informando que, ao contrário do que é descrito nos rótulos de suas embalagens, os produtos não são extravirgens e sim virgens. São azeite das marcas Beirão, Borges, Carbonell, Gallo, La Española, Pramesa e Serrata.

Operação Capitu

Agentes do Procon-RJ percorreram nesta segunda-feira filiais dos supermercados em questão para notificá-los e averiguar o cumprimento do que determina o processo, em fiscalização da Operação Capitu. Eles também estiveram em estabelecimentos de outras redes - Intercontinental, Supermarket, Zona Sul, Mega Box e Ultra -, que colocaram o cartaz informando o real tipo de azeite e retiraram das prateleiras aqueles cujos rótulos apresentavam informação errada.

Quarenta e um supermercados foram vistoriados e todos fixaram o cartaz nas prateleiras dos azeites enganosamente definidos como extravirgens. O azeite da Quinta D'Almeida foi retirado das prateleiras em nove supermercados, e as unidades do azeite Figueira da Foz tiveram de ser recolhidas recolhidas em quatro deles. A operação prossegue nesta terça-feira, 12 de novembro, em outros supermercados localizados na cidade do Rio, na Baixada, em Niterói, e São Gonçalo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Teste da Proteste indica que as marcas Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real não podem nem ser consideradas azeites, e sim uma mistura de óleos refinados

A Proteste - Associação de Consumidores testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que quatro (Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real) não podem nem ser consideradas azeites, e sim uma mistura de óleos refinados. Menos da metade dos produtos avaliados, apenas oito, apresentam qualidade de extravirgem. São eles: Olivas do Sul, Carrefour, Cardeal, Cocinero, Andorinha, La Violetera, Vila Flor, Qualitá. Os outros sete (Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata) são apenas virgens. Dos quatro testes que a entidade já realizou com esse produto, este foi o com o maior número de fraudes contra o consumidor.
As propriedades antioxidantes do azeite de oliva são o principal atrativo do produto, devido ao efeito benéfico à saúde. Mas para que o azeite mantenha suas características, é importante que ele não seja misturado a outras substâncias. Os quatro produtos declassificados pela entidade são, na verdade, uma mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras. Em diversos parâmetros de análise, essas marcas apresentaram valores que não estão de acordo com a legislação vigente. Os testes realizados indicaram que os produtos não só apresentam falta de qualidade, como também apontaram a adição de óleos de sementes de oleaginosas, o que caracteriza a fraude.
Outros sete não chegam a cometer fraude como esses, mas também não podem ser vendidos como extravirgens. A entidade ressalta que o consumidor paga mais caro, acreditando estar comprando o melhor tipo de azeite e leva para casa um produto de qualidade inferior.
É considerado fraude o produto vendido fora das especificações estabelecidas por lei. Para as análises, foram considerados parâmetros físico-químicos para detectar possíveis adulterações: espectrofotometria (presença de óleos refinados); quantidade de ceras, estigmastadieno, eritrodiol e uvaol (adição de óleos obtidos por extração com solventes); composição em ácidos graxos e esteróis (adição e identificação de outros óleos e gorduras); isômeros transoleicos, translinoleicos, translinolênicos e ECN42 (adição de outras gorduras vegetais).
A entidade vai notificar o Ministério Público, a Anvisa e o Ministério da Agricultura, exigindo fiscalização mais eficiente. Nos três testes anteriores foram detectados problemas. Em 2002, foram avaliados os virgens tradicionais e foi encontrada fraude. Em 2007, a situação se repetiu com os extravirgens. Em 2009, uma marca que dizia ser extravirgem não correspondia à classificação. Para a Proteste, isso demonstra que os fabricantes ainda não são alvos da fiscalização necessária.
A importadora da marca Quinta D´Aldeia, a Sales, informou que foi notificada pela Proteste no último dia 4 e está buscando esclarecer "estas divergências" junto à entidade. A empresa também garantiu que o lote 80, utilizado pela Proteste para os testes, "encontra-se em consonância com a legislação, conforme laudo elaborado a pedido da empresa, razão pela qual se faz necessário analisar o suposto laudo na qual a reportagem se baseia". Disse, ainda, que está à disposição para realizar contraprova para comprovar o resultado do teste da entidade.
A Angel, importadora da Vila Real, e a importadora da Figueira da Foz ainda não retornaram o contato da reportagem. A outra marca desclassificada não teve representante localizado pela reportagem.
A Carbonell informou que todos os lotes de produtos da marca são submetidos a um rigoroso controle de qualidade dos laboratórios do governo da Espanha credenciados e exigidos pelo Brasil. "Esses laboratórios certificam que os produtos cumprem todas as normas de qualidade brasileiras", complementou em nota. A empresa informa, ainda, que realizou na Espanha uma contraprova em amostra do mesmo lote analisado pelo teste e constatou que as características do azeite correspondem a um produto extravirgem "da mais alta qualidade".