Importador de azeite, o país tem mercado potencial para a olivicultura em decorrência do aumento do consumo de alimentos saudáveis.
Como em outros países do mundo, no Brasil também está aumentando o número de pessoas mais atentas à rotina para garantir um bem-estar físico e mental. Muitos brasileiros estão priorizando uma alimentação equilibrada, dando preferência ao consumo de produtos com mais propriedades benéficas à saúde.
Entre os alimentos considerados importantes em uma dieta de qualidade está o azeite, um derivado do esmagamento da azeitona, fruto da oliveira (Olea europea L.), cuja cultura pode ser fonte de renda para produtores especialmente localizados no centro-sul do país. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais possuem as maiores áreas de cultivo.
Mas novos plantios também se espalham por outros Estados, aproveitando a rusticidade e a baixa exigência da planta por solos muito férteis e regas constantes. Existem até cultivares anãs como opção para plantios em vasos de, pelo menos, 60 centímetros de largura e de profundidade. O clima, contudo, é um fator que restringe a cultura a algumas regiões. Para se desenvolver, a oliveira necessita de temperaturas amenas.
O promissor consumo nacional de azeite é estimulante para novos empreendedores do campo. O mercado ainda precisa crescer muito para suprir a demanda doméstica do produto, que, atualmente, recorre à importação devido à oferta interna insuficiente. O Brasil está nas primeiras posições de maior comprador de azeite no planeta.
Espécie frutífera pertencente à família das oleáceas, a oliveira é uma planta que se dá bem em dias de muitas horas de sol. Também apresenta bom florescimento em invernos amenos e chuvosos, além de verões quentes e secos. Para o desenvolvimento dos frutos, necessita de luz direta e poda, prática que ainda facilita o manejo e a colheita das azeitonas.
Árvore de porte médio, a planta pode chegar até 15 metros de altura dependendo da variedade. A oliveira possui tronco com curvas e folhas em formato de bico de lança, com as quais, em infusão, faz-se chá indicado para combater diabetes e hipertensão.
Utilizada pelo homem há milhares de anos, a oliveira teve seu plantio comercial iniciado aqui no século XIX e tornou-se alvo de pesquisas brasileiras a partir de 1948 no Rio Grande do Sul. Somente sete décadas mais tarde, em 2008, ocorreu a primeira extração de óleo genuinamente nacional, quando a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa Clima Temperado começaram a engarrafar o produto, rico em ácidos graxos insaturados, que são benéficos para aumentar os níveis de HDL, o colesterol bom.
Mãos à obra
>>> Início Há cultivares para produção de azeite (arbequina, arbosana e koroneiki), azeitonas de mesa (ascolana) e ambas as finalidades (galaga alto d’ouro). Dê preferência para as que exigem menores quantidades de horas de frio e diversifique o plantio entre três ou quatro cultivares, para assegurar a polinização e reduzir riscos de perder exemplares com pragas e doenças. O uso de um mesmo cultivar em cada fileira ainda facilita a colheita, já que cada um tem sua época de maturação de frutos.
>>> Ambiente De clima frio é o mais indicado para o plantio. Porém, a cultura não tolera geadas, que danificam galhos, troncos e até diminuem a qualidade dos frutos. O período de floração deve ser seco, pois a umidade pode interferir no processo de polinização da planta, que ocorre por meio do vento.
>>> Plantio Evite áreas que acumulam água e que tenham solo muito fértil. Se houver deficiência nutritiva no solo, adicione anualmente de 18 a 45 quilos de nitrogênio por hectare. Desde que seja moderadamente ácido ou básico, o pH pode oscilar entre 6,5 e 7,5. Em Minas Gerais e São Paulo, plante a oliveira em abril ou maio sob sol pleno. Na Região Sul, indica-se o cultivo em setembro, outubro e novembro (períodos de menor risco de geadas).
>>> Espaçamento Entre linhas e entre plantas, as medidas mais conservadoras são 6 x 6 metros, 6 x 5 metros, 6 x 4 metros ou 5 x 5 metros. No caso de cultivo de 30 a 200 árvores por hectare, pode variar de 7 a 20 metros.
>>> Cuidados Para adubação, espalhe em cada árvore de 0,75 a 0,8 metro cúbico de composto rico em nitrogênio ou esterco em uma área de 2,7 x 2,7 metros. Nos primeiros dois anos de plantio, use o sistema de irrigação de gotejamento de superfície e, em seguida, passe para o enterrado. Por último, faça uma aplicação de nutrientes minerais solúveis em água via sistema de irrigação (fertirrigação). Após cada rega, cubra a área com palha, alfafa, soja ou ervilha, para manter o solo fresco e inibir o crescimento de ervas daninhas. Para o cultivo de frutos, molhe a planta com mais frequência, enquanto para a produção de azeite, reduza as irrigações. Entre o fim do inverno e o começo da floração, comece a poda de cima para baixo, realizando cortes grandes antes dos menores.
>>>Produção A partir do terceiro ano de plantio, com carga total no sétimo ano. Contudo, a falta de irrigação ou a interferência de outros fatores podem adiar a frutificação por vários anos. Maduras, as oliveiras se tornam pretas, com sabor suave e amanteigado. Há azeites, no entanto, que são feitos da mistura entre azeitonas pretas e verdes de sabor apimentado, que são colhidas durante a mudança de cor.
Raio-x
Solo: franco-arenoso, com bom escoamento de água e aeração às raízes
Clima: subtropical ou temperado
Área mínima: 5 hectares
Colheita: após 3 anos do plantio, com pico de produção entre 10 e 50 anos
Custo: R$ 9 mil por hectare, dependendo das condições de solo
*Consultor: Enilton Fick Coutinho é engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Clima Temperado na área de fruticultura e olivicultura, Rod. BR-392, Km 78, 9o Distrito, Monte Bonito, Caixa Postal 403, CEP 96010-971, Pelotas (RS), tel. (53) 3275-8100
Onde comprar: além da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), há viveiristas com notável produção de mudas de oliveira localizados nos respectivos Estados produtores
Mais informações: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Chapecó), Serv. Ferdinando Tusset, s/no, São Cristovão, CEP 89801-970, Chapecó (SC), tel. (49) 2049-7510; e Epamig/Maria da Fé, Rua Washington Alvarenga Viglioni, s/no, Vargedo, CEP 37517-000, Caixa Postal 28, Maria da Fé (MG)
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