terça-feira, 29 de novembro de 2016

'Ebola das oliveiras' chega a Espanha

 Um patógeno vicioso apelidado de "Ebola das oliveiras" pelo jornal espanhol El Mundo e que, de acordo com especialistas que tiveram de lidar com ele no passado, tem o potencial de devastar a colheita de azeitona da União Europeia foi visto pela primeira vez Na ilha de Maiorca.
A doença, Xylella fastidiosa, classifica-se entre as "mais perigosas do mundo", para as culturas e é uma ameaça muito grave, dizem os especialistas. O patógeno coloniza os vasos que uma planta usa para transportar água e nutrientes.

O resultado é que a planta sofre sintomas graves, tais como escaldante e murchando de sua folhagem e, eventualmente, morre. O fato de que a bactéria tem inúmeros hospedeiros e vetores é uma preocupação para as autoridades locais como a probabilidade de uma contaminação completa na ilha é um cenário que não foi excluído.

O agente patogénico foi detectado pela primeira vez em Mallorca por funcionários do Departamento de Ambiente, Agricultura e Pescas das Baleares durante um controlo de rotina em três cerejeiras localizadas num dos centros de jardinagem da cidade. Ainda não infectou as oliveiras da ilha, mas as autoridades permaneceram totalmente cautelosas sobre a questão.

Em um esforço para evitar mais contaminação funcionários do governo estabeleceram uma proibição de movimento na ilha abrangendo 15.000 hectares; O objetivo é "conter e erradicar a propagação da bactéria". As autoridades espanholas estão realizando testes em outras plantas e procurando insetos que vetores da doença, a fim de avaliar a sua propagação e, eventualmente, erradicá-lo.

Tais surtos se tornaram uma grande preocupação não só para a Espanha, mas também para a Itália e para toda a União Européia, enquanto o mercado do azeite foi afetado por colheitas medíocres e pelo aumento do preço do azeite em 2016.

De facto, espera-se que a produção de azeite 2016 da União Europeia apresente um forte declínio, uma vez que o sector enfrenta muitas ameaças. A seca e as doenças sofreram acidentes vasculares cerebrais no sul da França e na Itália, ea Espanha, maior produtora de azeite do mundo, enfrentou incertezas decorrentes das previsões pessimistas de rendimento do governo. O "Ebola das oliveiras" é ainda outra grande preocupação para os produtores de azeite europeus que tiveram um ano difícil.

A bactéria Xylella fastidiosa foi descoberta pela primeira vez em Puglia, na Itália, em 2013. O patógeno afetou muito a colheita de azeitonas na Itália - centenas de milhares de hectares de azeite foram devastados - e mais tarde causou estragos nas árvores de azeite do sul da França.

Foi previamente visto na Ásia e na América. 2015 Xylella fastidiosa surto resultou em um aumento de vinte por cento no preço do azeite. No caso de as autoridades espanholas não poderem erradicá-la, o preço do azeite poderá registar um aumento sem precedentes.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Paladar testa 10 azeites de supermercado: veja como eles se saíram

Selecionamos azeites extravirgens importados com preços de até R$ 35, reunimos especialistas e avaliamos como andam produtos que fazem parte do nosso dia a dia.         
Existe uma ampla oferta de azeites nos supermercados paulistanos e não é por acaso – o produto faz parte do dia a dia na cozinha e na mesa. E, apesar de o Brasil já ter uma produção de azeite extravirgem de qualidade notável (porém ainda em pequena escala), os azeites mais consumidos pelos brasileiros (o 11º país entre os maiores consumidores de azeite) vêm da Europa, especialmente de Portugal, Espanha e Itália.
Paladar resolveu avaliar a qualidade dos azeites disponíveis nos supermercados e montou uma cuidadosa estratégia, que começou com a lista de compras e terminou com uma prova às cegas. 
A seleção incluiu dez rótulos de nacionalidades variadas, de preços até R$ 35, a maioria entre os mais vendidos em supermercados da cidade. A prova foi feita às cegas, isto é, nenhum dos participantes sabia quais azeites estava provando. O ranking, que você confere na galeria abaixo, revelou os melhores e piores do mercado.
10º - ANDORINHA
Aroma artificial que lembra essência, tem uma nota doce de coisa madura demais, passada. Parece blend de mais de um azeite ou produto velho. Ruim. Origem: Portugal; embalado em agosto de 2016. Preço: R$ 24,30 (500 ml, na Casa Santa Luzia). Bico: retrátil, não deixa vazar pela borda; fluxo de fraco a médio.
9º - PORTUCALE
Nota aromática de fermentação, que é um defeito; pouca intensidade tanto de picância quanto de amargor resulta em um azeite “plano”, excessivamente suave. Origem: Portugal; envasado em março de 2016. Preço: R$ 29,25 (500 ml, no Pão de Açúcar). Bico: retrátil, não deixa vazar pela borda; fluxo de fraco a médio.
8º - BORGES
Nota metálica, defeito que pode ter sido originado em equipamentos; é apenas picante, sem conter amargor ou aromas e sabores de fruta. Origem: Espanha; produzido em agosto de 2016. Preço: R$ 17,75 (500 ml, no Extra). Bico: não é retrátil, mas é duplo, com saídas para fluxo forte e fluxo fraco; não deixa vazar.
7º - CARBONELL
Um azeite doce, parece fermentado, o que é um defeito de aroma; na boca, tem nota láctea e de ranço, desagradáveis; amargor alto. Origem: Espanha; envasado em maio de 2016. Preço: R$ 29 (500 ml, na Casa Santa Luzia). Bico: retrátil, não deixa vazar pela borda; fluxo de fraco a médio.
6º - GALLO
Não é ruim no nariz, com notas maduras agradáveis, que lembram tomate; mas na boca tem picância muito perceptível e alta adstringência, com residual amargo. Origem: Portugal; fabricado em julho de 2016. Preço: R$ 25,69 (500 ml, no St Marche). Bico: retrátil, não deixa vazar pela borda; fluxo médio.
5º - YBARRA
Promete no nariz algo que não entrega à boca; notas leves de ranço, um defeito; é um azeite “plano”, sem personalidade. Origem: Espanha; envasado em fevereiro de 2016. Preço: R$ 21,90 (500 ml, no Pão de Açúcar). Bico: retrátil, não deixa vazar pela borda; fluxo médio.
4º - OLITALIA
Toque de amargor e picância, é um azeite arredondado; tem aroma adocicado, mas não chega a ser desagradável ou enjoativo. Origem: Itália; envasado em agosto de 2016. Preço: R$ 19,90 (500 ml, no Empório Santa Maria). Bico: retrátil, não deixa vazar pela borda; fluxo forte.
3º - DE CECCO
Notas herbáceas aparecem no nariz, parece fresco, não tem aromas de defeito; na boca, a picância mais alta do que o amargor faz dele um azeite interessante. Origem: Itália; envasado em julho de 2016. Preço: R$ 30,60 (500 ml, na Casa Santa Luzia). Bico: não é retrátil, mas não deixa vazar pela borda; fluxo forte.
2º - HERDADE DO ESPORÃO
Bem equilibrado, de picância leve, tem notas herbáceas (lembra grama recém-cortada no nariz), remete a alcachofra; sabor persistente. Origem: Portugal; envasado em agosto de 2016. Preço: R$ 30,10 (500 ml, na Casa Santa Luzia). Bico: não é retrátil, mas não deixa vazar pela borda; fluxo médio.
1º - DELEYDA
Campestre, tem o herbáceo bem marcado, notas de azeite fresco; na boca, lembra tomate, tem sabor; bom equilíbrio entre picância e amargor; um azeite com personalidade. Origem: Chile; fabricado em agosto de 2016. Preço: R$ 33,50 (500 ml, no Pão de Açúcar). Bico: não é retrátil, mas não deixa vazar pela borda; fluxo médio.
O grupo de degustação reuniu dois profissionais, o degustador de azeites Paulo Freitas e o empresário Arnaldo Comin (dono da Rua do Alecrim, empório especializado em azeites brasileiros), além do chef espanhol Oscar Bosch, do restaurante Tanit, a editora do Paladar, Patrícia Ferraz, a colunista de vinhos Isabelle Moreira Lima e a repórter Renata Mesquita. 
A avaliação confirmou a tese de que os azeites envasados pelo próprio produtor (caso de Deleyda e Herdade) saem-se melhor porque, com curto intervalo entre colheita e processamento, correm menos risco de serem adulterados, diz Paulo Freitas. Além disso, as empresas que só são envasadoras compram azeite de vários produtores e podem fazer blends, além de poderem envasar azeites já velhos (e quanto mais jovem o azeite, melhor).
A legislação brasileira não ajuda, já que não obriga a indicação da safra no rótulo – só a data de envase e validade. Assim, o envasador indica que o produto foi engarrafado em agosto deste ano, por exemplo, mas não quer dizer que tenha sido colhido na última safra. Na Europa, onde estão os maiores produtores de azeite do mundo (o primeiro é a Espanha), a safra de azeitonas vai de outubro a novembro; já no Brasil, a colheita é de março a abril.

 
  Foto: Daniel Teixeira|Estadão
Os copos usados na degustação de azeites são azuis, para a cor de cada marca não influenciar os participantes da prova.
Os copos usados na degustação de azeites são azuis, para a cor de cada marca
 não influenciar os participantes da prova. Foto: Ana Paula Boni|Estadão                                                          
                    Muito além da acidez – que deve ser de até 0,5% nos azeites extravirgens e que por anos guiou consumidores em busca de “bons” azeites – outros atributos definem a qualidade: aromas e sabores (notas de frutas, legumes e ervas, como tomate, maçã, lavanda), picância (não o ardor típico da pimenta, mas a picância que pega no fundo da garganta) e amargor (sim, todo azeite extravirgem deve ter um toque amargo; é a adstringência trazida pela presença de polifenóis). 
São esses atributos que vão guiar a harmonização de um azeite com pratos. Não adianta querer colocar azeite suave em um prato muito condimentado. “Pratos como paella e moqueca pedem azeite intenso, com pungência. Já uma salada leve vai bem com um azeite pouco amargo e pouco picante”, diz Paulo.
  • 10º - ANDORINHA

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Cultura de oliva no RS e SP ganha zoneamento agrícola

Produtores devem observar as orientações das portarias para receber o Proagro
Foi publicado no Diário Oficial da União, desta quinta-feira (10), o primeiro Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) da cultura de oliva para os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. 
 
Nas portarias são apresentadas orientações aos produtores sobre municípios aptos ao plantio e ao período mais adequado à semeadura das lavouras. Para ter direito ao Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária), ao Proagro Mais (agricultura familiar) e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar os indicativos desses normativos.
 
A oliveira (Olea europaea L.) é uma das plantas mais antigas cultivadas pelo homem e, devido aos benefícios que o consumo de azeite proporciona à saúde humana e pela sua comprovada eficácia na prevenção de enfermidades cardiovasculares, seu cultivo adquiriu especial relevância nos últimos anos.
 
Pertence à família botânica Oleaceae, que apresenta espécies distribuídas por várias regiões de clima temperado e subtropical do mundo.
 
Nos estados indicados no Zoneamento Agrícola, existem olivais em fase de produção, de beneficiamento de azeitonas e de embalagem de azeite. Dados recentes da Emater no Estado do Rio Grande do Sul e da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), mostram que, somente no Rio Grande do Sul e em São Paulo, há 1.200 hectares de terra implantados com a cultura. Sendo que ainda existem outros projetos de plantio no Rio Grande do Sul, de investidores brasileiros e estrangeiros, com áreas que chegam a atingir mais de 100 hectares em cada investimento.
 
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento auxiliar na gestão de riscos na agricultura. O estudo tem como objetivo reduzir os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos, já que permite ao produtor identificar o melhor período de semeadura das lavouras, nos diferentes tipos de solo e de ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais, agentes financeiros e demais usuários.